Perseguição aos Cristãos na Índia: Cresce a Opressão e a Intolerância Religiosa

A perseguição aos cristãos na Índia tem atingido níveis alarmantes, com episódios recentes de discursos de ódio, violência e propostas legislativas que colocam em risco os direitos humanos e a liberdade religiosa no país. O caso mais chocante ocorreu em junho de 2025, quando um político indiano ofereceu recompensas em dinheiro por agressões contra missionários e líderes cristãos.

Esse cenário levanta questões urgentes sobre a crescente intolerância religiosa, a conivência estatal com grupos extremistas e o impacto direto na vida de milhões de cristãos indianos. Diante disso, compreender a gravidade do momento e os desdobramentos políticos e sociais se torna essencial para qualquer pessoa preocupada com os direitos humanos e a liberdade de fé.

Neste artigo, você entenderá em detalhes o que está acontecendo na Índia, quem são os responsáveis, como a comunidade cristã tem reagido e por que a situação exige atenção internacional.

O caso Gopichand Padalkar: um incentivo público à violência

Em 17 de junho de 2025, durante uma marcha com tochas no distrito de Sangli, no estado indiano de Maharashtra, o político Gopichand Padalkar, membro da Assembleia Legislativa local e integrante do partido nacionalista hindu BJP, fez um discurso alarmante.

Padalkar ofereceu prêmios em dinheiro para pessoas que agredissem missionários e líderes cristãos:

  • 500.000 rúpias (aproximadamente 5.756 dólares) para o primeiro agressor
  • 400.000 rúpias (4.605 dólares) para o segundo
  • 300.000 rúpias (3.454 dólares) para o terceiro

Além disso, ele ofereceu 1,1 milhão de rúpias (12.663 dólares) por ataques a líderes religiosos cristãos. Durante o mesmo discurso, ele chamou cristãos de “pítons” e pediu a demolição de igrejas consideradas “não autorizadas”.

Acusações infundadas e retórica de ódio

Padalkar acusou pastores e padres de promover conversões religiosas forçadas, sem apresentar qualquer prova. Ele sugeriu que funcionários públicos que tenham se convertido ao cristianismo deveriam ser demitidos caso estivessem em seus cargos por cotas baseadas no hinduísmo.

Entre outras declarações alarmantes, afirmou:

“Elimine aqueles que se convertam, e eu cuidarei da polícia.”

Essa postura não apenas agride valores democráticos fundamentais, mas também incita diretamente à violência religiosa, o que fere princípios constitucionais da Índia.

Reação da comunidade cristã: protestos em várias cidades

A oferta de recompensas por agressões levou a uma onda de manifestações pacíficas organizadas por líderes e organizações cristãs em diversas regiões do país. As reações foram imediatas e organizadas:

  • 30 de junho – Jalna: cristãos realizaram uma marcha com cartazes exigindo a punição de Padalkar.
  • 8 de julho – Pune: membros do Fórum Cristão protestaram em frente ao Escritório do Coletor Distrital.
  • 11 de julho – Mumbai: milhares de cristãos participaram de um protesto de seis horas com apoio de mais de 20 organizações cristãs e políticos aliados.

Os manifestantes exigiram:

  • A destituição de Padalkar do cargo público
  • Abertura de processos criminais por incitação à violência e tentativa de assassinato

Condenações públicas e repercussões legais

Diversos líderes cristãos e organizações civis se posicionaram firmemente contra as declarações de Padalkar.

Reverendo Vijayesh Lal, secretário-geral da Irmandade Evangélica da Índia, declarou:

“Nenhum representante eleito deve incentivar ataques com base em fé. Essa retórica coloca vidas em perigo e mina os fundamentos da nossa nação.”

Melwyn Fernandes, da Association of Concerned Christians, afirmou que se trata de um ataque direto à democracia secular do país. Já a Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCI) criticou a inércia do sistema judiciário, cobrando ações imediatas:

“Esse discurso representa uma ameaça à ordem pública e requer intervenção legal urgente.”

Crescimento alarmante da perseguição religiosa na Índia

A situação atual reflete uma escalada de um problema que vem crescendo ano após ano. Segundo a United Christian Forum (UCF), ao menos dois ataques por dia contra cristãos estão sendo registrados no país.

Dados da violência contra cristãos nos últimos anos:

  • 2022: 601 ataques registrados
  • 2023: 734 ataques registrados
  • 2024: 834 ataques registrados

A Índia ocupa a 11ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, da organização cristã Portas Abertas, o que a coloca entre os países mais hostis à fé cristã no mundo.

Leis anticonversão: ferramenta de opressão religiosa

Atualmente, 12 dos 28 estados indianos possuem leis que restringem conversões religiosas. Embora apresentadas como formas de evitar conversões forçadas, na prática essas leis são frequentemente usadas para intimidar e perseguir comunidades cristãs.

Essas legislações têm servido como instrumentos de abuso, especialmente em estados controlados pelo partido BJP, onde há maior influência de ideologias nacionalistas hindus. Missionários, igrejas e fiéis são frequentemente acusados, presos ou atacados com base em suspeitas infundadas de proselitismo ilegal.

Impacto nas comunidades cristãs

A perseguição aos cristãos na Índia não se limita a figuras públicas ou igrejas grandes. Comunidades locais em vilarejos e periferias urbanas estão entre as mais vulneráveis. Os impactos incluem:

  • Ataques físicos a pastores, fiéis e templos
  • Prisões arbitrárias de missionários
  • Pressão social e ameaças para abandonar a fé cristã
  • Destruição de igrejas ou proibição de cultos públicos
  • Boicote social e exclusão de serviços básicos

Muitas famílias cristãs vivem sob constante medo e insegurança, o que afeta diretamente a liberdade religiosa e os direitos civis dessas pessoas.

Por que o mundo precisa prestar atenção

A escalada da violência contra cristãos na Índia é um sinal de alerta internacional. O país é a maior democracia do mundo em população e tem um papel geopolítico relevante. No entanto, a crescente repressão às minorias religiosas ameaça a estabilidade interna e compromete a imagem democrática da nação.

Organizações internacionais podem:

  • Monitorar e denunciar abusos em fóruns como a ONU
  • Pressionar por ações diplomáticas e sanções contra violações de direitos humanos
  • Apoiar ONGs e entidades religiosas que atuam em defesa da liberdade de fé na Índia

O papel dos cristãos e defensores dos direitos humanos

Diante desse cenário, é fundamental que cristãos ao redor do mundo, bem como defensores dos direitos humanos e da liberdade religiosa, se posicionem e atuem de maneira ativa.

Algumas formas de engajamento incluem:

  • Compartilhar informações e aumentar a conscientização
  • Apoiar financeiramente organizações que defendem os perseguidos
  • Pressionar governos e parlamentares a exigir respeito aos direitos humanos
  • Orar pelas igrejas perseguidas e manter redes de solidariedade

Conclusão: um chamado à ação diante da injustiça

A perseguição aos cristãos na Índia representa uma crise de direitos humanos que não pode ser ignorada. As declarações violentas de Gopichand Padalkar, a conivência política, o crescimento dos ataques e a aplicação seletiva das leis anticonversão expõem uma realidade dura enfrentada por milhões de fiéis.

Este é o momento de agir. É necessário que governos, igrejas, organizações internacionais e cidadãos comuns se unam para denunciar, pressionar e proteger os direitos daqueles que hoje estão sendo silenciados e ameaçados por sua fé.

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